quinta-feira, 16 de setembro de 2010

História da Cachaça

Olá Integrantes do Planeta Flair,


Agora vocês poderão acompanhar um pouco sobre a história da cachaça. Vale lembrar que o texto a seguir postado foi elaborado por Gustavo Caetano, flair bartender e instrutor de arte circense da Open Bar Drinks - BH/MG, que é o atual campeão do concurso Cachaça Gourmet.

Para entender a produção do açúcar e posteriormente a da cachaça no Brasil colônia, é importante refletir sobre a estrutura e a administração colonial, onde as terras eram divididas em capitanias hereditárias e distribuídas a homens nobres com a missão de gerar riquezas nessas terras. Esse regime começou em 1534 e foi criado por D. João III. As capitanias de maior produção açucareira durante o ciclo da cana entre 1530 até 1560 foram as capitanias da Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro, e assim o Brasil começou a ser colonizado e surgiram os primeiros núcleos de povoamento e agricultura.


A cana de açúcar é originária da Ásia e foi introduzida no Brasil Colônia pelos portugueses que logo descobriram o vinho da cana que era o resto dos tachos de rapadura que servia de alimento para os animais.

Não se tem um consenso de onde e nem de quando ocorreu a primeira destilação do mosto da cana – de – açúcar. Alguns indicam a Bahia como a região onde a cachaça foi “descoberta”. Já outros discutem o surgimento da cachaça na Capitania de São Vicente, hoje o atual estado de São Paulo. Estima-se que tudo isso se passou por volta de 1532 a 1548, pois as construções dos engenhos no Brasil datam destas épocas.

Ao descobrirem o vinho de cana de açúcar, denominado de a Garapa Azeda, que era a sobra dos tachos de rapadura que ficavam parados nos cochos dos animais, os senhores de engenho passaram a servir o tal caldo, denominado cagaça, para os escravos, e por já terem o conhecimento da destilação utilizada no mosto de uva para a produção da bagaceira os senhores de engenhos começaram a aplicar as técnicas no mosto da cana de açúcar nascendo aí a cachaça.

A descoberta de ouro nas Minas Gerais trouxe uma grande população vinda de todos os cantos do Brasil colônia e do mundo, com o intuito de explorar o ouro e de construir vilas e cidades sobre as montanhas da Serra do Espinhaço.

A Cachaça tornou-se moeda corrente para compra de escravos na África e troca de mercadorias. Alguns engenhos passaram a dividir a atenção entre o açúcar e a cachaça.


Portugal incomodou-se com a queda do comércio da Bagaceira e do vinho português na colônia e alegando que a bebida brasileira prejudicava a retirada do ouro das minas, proibiu várias vezes a produção, comercialização e até o consumo da cachaça. Sem resultados, a metrópole portuguesa resolveu taxar o destilado.

Em 1756 a aguardente de cana de açúcar foi um dos produtos que mais contribuíram com impostos voltados para a reconstrução de Lisboa, destruída por um grande terremoto em 1755.

Foram criados vários impostos sobre a cachaça conhecidos como subsídios, como por exemplo o literário, que visava manter as faculdades da Corte.

Instalada no Brasil a economia cafeeira, a abolição da escravatura e o início da república houve uma grande desvalorização a tudo que fosse relativo ao Brasil.

Durante muito tempo a cultura brasileira foi esquecida. O Brasil precisava resgatar sua própria cultura e isso ocorreu em 1922, na Semana da Arte Moderna, evento que veio para resgatar a brasilidade nos campos literários e das artes plásticas.

No decorrer do século XX, a história vem resgatando alguns elementos da verdadeira cultura brasileira como a feijoada que foi valorizada como comida típica nacional. A cachaça, no decorrer dos anos, percorreu caminhos cheios de preconceitos e desafios, mas mesmo assim, conseguiu fazer a sua história. Hoje, a cachaça brasileira é uma bebida que está presente nas adegas e restaurantes mais refinados do mundo e sua produção cresce cada vez mais.

Minas Gerais é o maior produtor artesanal de cachaça do Brasil. São mais de novecentas marcas registradas só na Associação Mineira de Produtores de Aguardente de Qualidade - Ampaq.

A cachaça é fruto de uma serie de processos elaborados com todo um cuidado especial de cada produtor. Ela foi elaborada a partir de elementos da gastronomia do Brasil colonial do século XVI e VXII. O processo de desenvolvimento da cachaça passa pelos processos adquiridos durante a colonização do Brasil e na manipulação da cana – de – açúcar e de seus derivados como o açúcar preto, a rapadura e o vinho da cana, comprovando que a cachaça também é um fruto da gastronomia colonial e hoje remodelada e memorializada para os tempos e objetivos atuais.

A gastronomia atual já não considera a cachaça apenas como aperitivo e sim como base para outras guloseimas brasileiras, tais como geléias, gelatinas e até pratos mais refinados.

Hoje órgãos públicos e privados, além da sociedade, estão se apropriando de fontes e documentos para uma nova construção da identidade da cachaça como um produto genuinamente brasileiro buscando seu tombamento como patrimônio imaterial. Esse novo processo pelo qual a cachaça passa, possibilita que a mesma não seja apenas consumida como uma bebida de qualidade, mas também como forma de divulgação e promoção de um destino, contribuindo ainda mais para sua valorização, fazendo com que a bebida se transforme em ferramenta para a elaboração e fomentação de eventos que visam não só sua comercialização, mas também preservação de suas tradições.

Texto elaborado por Gustavo Caetano.

Gustavo é Bacharel em Turismo, Paisagista e Bartender com mais de 10 anos de experiência.

Fiquem com FLAIR!!!

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